Torcer pode fazer bem a sua saúde

 

TORCIDA

Com mais de 730 mil ingressos vendidos para os 16 jogos, a Copa das Confederações teve início no último sábado, dia 15 de junho, em Brasília. Mesmo sendo um evento teste – com número reduzido de seleções e nível de disputa moderado, em comparação à Copa do Mundo –, o torneio tem reunido milhões de brasileiros para fazer algo característico do nosso país: torcer. Seja dentro dos estádios, em largas mesas de bares ou modestas reuniões de amigos em casa, o hábito da torcida é forte e, melhor do que se imagina, faz bem para a saúde.

 

Segundo Marina Ramos, psicóloga especialista em psicofisiologia, os benefícios do ato de torcer podem ser biológicos, psicológicos e sociais. Ela destaca que as três áreas estão diretamente interligadas entre si, e que uma simples partida pode gerar intensos resultados no corpo humano. A psicóloga conta que acompanhar um jogo do time querido eleva as vibrações celulares no organismo e catalisa a liberação de hormônios do bem estar, como a endorfina, por exemplo.

 

De acordo com a especialista, muitas vezes, depois do jogo, o torcedor pode apresentar estado psicológico semelhante ao de pessoas que acabaram de praticar exercícios físicos. “É uma prática saudável, que faz bem para todo o corpo. O bom torcedor sempre vai terminar o jogo com boas sensações, mesmo que seu time perca”, destaca.

 

Gabriel Goes
Dia de jogo em bar de Brasília: estímulo à interação social e à saúde dos torcedores

 

Com 72 anos, o mineiro e cruzeirense Ilton do Carmo – ou Tinho, como é conhecido entre os amigos –, diz manter na paixão pelo futebol o segredo de sua longevidade. Segundo o torcedor da raposa, os fins de semana assistindo a partidas com os vizinhos fazem bem para a saúde. “Quando vemos o jogo juntos, eu não me sinto sozinho e posso compartilhar o que gosto com as pessoas que gosto. Quando a gente fica mais velho, esse tipo de coisa faz bem”, comenta.

 

De acordo com o neurologista Cleiton Lopes, o ato de torcer repercute positivamente sobre a socialização do indivíduo. O médico ressalta que fazer parte de uma torcida desperta sentimentos importantes, como coletividade e solidariedade. Além disso, destaca a ação do hobbie sobre a memória do torcedor. “Ao torcer, as pessoas estimulam o cérebro, lembrando de jogadas, fatos passados e nomes de jogadores”, pontua.

 

Contudo, é preciso moderação. Lopes alerta que os benefícios são muitos, mas que é necessário compreender a “brincadeira”. Segundo o neurologista, deve haver calma para diferenciar paixão de fanatismo. “É fundamental entender o futebol como entretenimento. Sabemos que há paixão envolvida, mas não se pode levar tudo muito a sério. Um dia o time ganha e em outro ele perde, o torcedor precisa lidar com isso para não sofrer”, pondera.

 

Em casos extremos, em que o membro da torcida se deixa levar por intenso nervosismo ou raiva, pode haver excesso na produção de adrenalina, aumento do ritmo cardíaco e problemas na pressão arterial. Nessas horas, todo o cuidado é pouco para não perder o jogo nos minutos finais.

 

Fonte: campus fac