Para pacientes com fibromialgia (caracterizada por dor músculo-esquelética generalizada), o tratamento deve ser individualizado e incluir abordagens não farmacológicas, tais como exercícios físicos, que são muitas vezes mais eficazes do que os medicamentos, de acordo com o Dr. Winfried Hauser, médico daTechnische Universität München, na Alemanha, que apresentou um trabalho sobre o tema no European League Against Rheumatism (EULAR) Congress 2014.
O Dr. Winfried Hauser, que publicou vários trabalhos sobre a fibromialgia, disse: “Não há medicação mágica contra a fibromialgia e em minha opinião nunca haverá. Psicoterapeutas não fazem milagres, mas a psicoterapia pode ajudar e, em alguns casos, transformar pessoas com fibromialgia em não pacientes. Medicamentos podem ajudar, mas os pacientes não gostam deles. O exercício aeróbico é a arma mais eficaz que temos. Pessoas saudáveis se beneficiam com o exercício físico contínuo, assim como os pacientes comfibromialgia”, explicou.
As terapias farmacológicas para a fibromialgia incluem análogos do GABA, inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina, antidepressivos tricíclicos e inibidores específicos da recaptação de serotonina. Terapias não farmacológicas incluem exercícios aeróbicos, acupuntura e psicoterapia.
Poucas comparações de abordagens farmacológicas e não farmacológicas têm sido publicadas, tornando a questão de quais tratamentos são mais eficazes difícil de ser respondida.
A meta-análise apresentada no congresso foi uma comparação indireta de todas as terapias disponíveis. Não foram encontradas diferenças significativas na eficácia entre as terapias medicamentosas e não medicamentosas.
“Os resultados dos estudos são médias e não representam as experiências individuais dos pacientes”, disse o Dr. Hauser. “Alguns pacientes obtêm pouco ou nenhum alívio e outros obtêm um alívio muito bom da dor, a média nos estudos representa apenas uma pequena minoria dos pacientes. O mesmo é verdadeiro para as psicoterapias”.
As decisões de tratamento devem ter tolerância, segurança, custo e disponibilidade para que o paciente continue a usar a terapia, explicou. E o tratamento deve proporcionar alívio substancial da dor.
“Se realmente você quer saber o que funciona na prática clínica, tem que ir além de ensaios clínicos randomizados que excluem uma grande quantidade de pacientes atendidos na prática clínica do mundo real. Precisa olhar para os bancos de dados e os relatórios dos pacientes”, disse ele.
Por exemplo, o National Data Bank on Rheumatic Disease contém dados sobre 3.123 adultos com fibromialgiaque foram acompanhados durante onze anos. No geral, não houve melhora para a fadiga ou para o estado funcional, bem como a melhoria da dor era pequena (0,2 em uma escala de 10 pontos).
Quando os pacientes foram convidados a listar as dez melhores terapias para a fibromialgia, nenhum medicamento foi mencionado. Quando eles foram convidados a listar o que consideravam ser as dez terapias mais nocivas, eles nomearam apenas medicações aprovadas para o tratamento.
O Dr. Häuser defende uma abordagem gradual para o tratamento da fibromialgia. As formas leves da fibromialgiapodem ser gerenciadas com o apoio do médico e o incentivo para o engajamento do paciente em atividades físicas e mentais regulares. Na fibromialgia moderada devem ser orientados os exercícios aeróbicos e o uso limitado e temporário de medicações. Para a fibromialgia grave, ele recomenda exercícios aeróbicos, medicamentos e tratamento psicológico e/ou psicofarmacológico das comorbidades mentais.
É importante não exagerar nos exercícios e também não evitá-los. Um equilíbrio nas atividades físicas realizadas é o segredo. As terapias não farmacológicas não apresentam riscos aos pacientes, como os efeitos colaterais das medicações.
Fonte: EULAR Congress 2014 – Abstracts