Da sensação de liberdade à prática em grupo, a corrida de rua ganha adeptos por todo o Brasil, interessados em um estilo de vida saudável e novas amizades. Mas antes de calçar os tênis e dar as primeiras passadas, o esportista precisa cercar-se de cuidados, o que evitarão lesões e frustrações no futuro.
Por ser uma modalidade esportiva livre, progressiva à caminhada, é comum que as pessoas não se atentem às questões de saúde antes de iniciar a corrida de rua. Exercícios de baixa intensidade, como caminhar, trazem benefícios importantes para o organismo, mas não causam alterações drásticas no metabolismo, a ponto de expor o praticante à alguma complicação séria, como é o caso da corrida.
No entanto, alguns fatores de risco são indicadores da necessidade de uma avaliação com o médico cardiologista e ortopedista (se houver queixa de dor pré-existente), antes de iniciar atividades físicas intensas. Atenção especial caso o esportista tenha mais de 40 anos, apresente alterações na pressão arterial e na glicemia, dores no peito, desmaios ou tonturas, excesso de peso, sedentarismo, histórico de câncer ou histórico familiar de hipertensão, diabetes, problemas cardíacos ou na coluna.
Algumas alterações são muitas vezes desconhecidas pelas pessoas e somente quando o coração trabalha com esforço é que elas aparecem. Por isso, é importante que a consulta ao médico seja uma rotina regular de prevenção à saúde e cuidado pessoal. Esse hábito pode ser adotado não só na prática da corrida, mas também antes de ingressar na academia para musculação, natação ou artes marciais, por exemplo.
Primeiros passos
A avaliação física inicial feita nas academias ou pelo educador físico em serviços particulares não substitui a avaliação médica. A primeira tem como objetivo avaliar o indivíduo quanto aos níveis de capacidade cardiovascular, força e composição corporal, por exemplo. É usada como um parâmetro para que o educador responsável possa iniciar um programa de treinamento com qualidade e baseado no estado atual de condicionamento físico do indivíduo.
A orientação feita por um educador físico em qualquer prática também é um cuidado importante a ser considerado para que lesões físicas sejam evitadas. Quando o esporte é a corrida, por exemplo para não atletas, as lesões mais comuns são as musculares e as de joelho, mais especificamente a síndrome do estresse tibial (canelite), tendinite do tendão calcâneo e fascite plantar. Lesões anteriores e fatores relacionados ao treinamento como duração, intensidade e tipo de treino são associados ao desenvolvimento de algumas das lesões citadas anteriormente.
Se o indivíduo for sedentário, é indicado que os exercícios comecem pela prática de caminhada por duas ou três semanas para depois progredir ao treino de corrida, que deve começar com intervalos de corrida e caminhada. O ritmo dessa corrida inicial precisa ser leve para que a adaptação muscular e metabólica ocorra sem prejuízos ou desconfortos.
Portanto, adote comportamentos de prevenção e cuidado para que a prática de atividades não venha a ser um fator negativo e gerador de prejuízos à sua integridade física. Consulte um médico, fique atento aos sinais do seu corpo e procure um serviço especializado para orientá-lo sobre a melhor maneira de conduzir um programa de condicionamento físico.
Como começar
Para quem sonha participar de provas, procurar um grupo de corrida, sob supervisão de educadores físicos, é uma ótima opção para que a pessoa tenha orientação adequada quanto ao aquecimento, fortalecimento muscular necessário e prescrição de treinamento adequada ao seu nível. Além disso, estar em grupo favorece a disciplina e ajuda aqueles que não gostam de treinar sozinhos.
Para começar, a dica é aquecer por dez minutos com movimentos articulares e caminhada com pequenas corridas. Feito isso, os intervalos de corrida podem ser de um a dois minutos por três de caminhada, até completar 30 minutos. Após a meia hora, faça mais dez minutos de caminhada. O tempo de corrida pode aumentar um minuto progressivamente a cada semana, sempre com intervalo de dois a três minutos de caminhada, até que 15 a 20 minutos de corrida sejam possíveis de forma contínua. Ao alcançar 30 minutos ou 5 km, em ritmo moderado, é o momento de pensar em outros objetivos.
Importante: para começar a correr, a intensidade não deve ser priorizada. É preciso ganhar volume, ou seja, conseguir correr uma determinada distância em um tempo considerável sempre em ritmo leve a moderado. O ritmo moderado é sempre confortável e possível de manter uma conversa; se estiver ofegante é porque está acima do ritmo que deveria.
Um ponto muito importante é observar que pessoas com sobrepeso ou obesas devem manter a caminhada rápida até que emagreçam para depois começarem a corrida. O excesso de peso pode prejudicar as articulações e causar lesões, atrapalhando o objetivo principal em longo prazo. O melhor é não ter pressa e, sim, ter disciplina.
Benefícios da corrida
Do controle e manutenção do peso corporal à prevenção de doenças como o câncer, recebemos inúmeros benefícios ao adotarmos um estilo de vida saudável com a prática de exercícios. O movimento agrega vantagens físicas e emocionais e nem sempre exige grandes investimentos. A corrida, por exemplo, é uma atividade natural ao corpo e pode ser praticada em diferentes ambientes.
A vontade de estar ao ar livre, experimentando variados percursos, é um dos motivos que estimula o aumento de corredores em praças, parques e ruas de todo o país. A atividade física, se entendida como benefício e sem o peso da obrigação, pode contribuir de várias formas para o bem-estar e valorização da autoestima. A corrida, em especial, por seu dinamismo e praticidade, torna-se estimulante e promove o convívio social. Cercado de cuidados, o sonho de completar ou até mesmo vencer uma prova de longa distância fica mais próximo. Desafie-se e bons treinos!
Fonte: MinhaVida